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Você não tem que escolher entre a economia e a vida da sua avó.

Quando a nova pandemia bateu à porta da Itália, o prefeito de Milão fez pouco caso e disse que não adotaria uma política de isolamento pois fazê-lo seria maléfico para a economia. Hoje, depois de Bérgamo, Milão é a cidade mais castigada pelo coronavírus no país. Contra fatos não há argumentos: enquanto não há vacina, a única maneira de desacelerar o contágio do COVID-19 a ponto de não sobrecarregar nosso aparato de saúde é adotar a quarentena o quanto antes possível. Quem diz o contrário é burro ou desonesto. Bolsonaro, desde o começo tem diminuído o caráter da pandemia: em pronunciamentos vergonhosos  chamou de "gripezinha" e se disse imune a ela, graças ao seu "histórico de atleta". Isso enquanto médicos e estadistas do mundo inteiro alertam para seu perigo e recomendam o confinamento. Alguns governadores, antes bolsonaristas até, como Carlos Moisés (SC), Ronaldo Caiado (GO), João Dória (SP), Wilson Witzel (RJ) e etc. tiveram sensatez o suficiente para compr

A democracia brasileira está rachando.

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Foto do documento original da Constituição dos EUA Embora eu não tenha nenhum apreço pela entidade que os Estados Unidos da América representam na comunidade internacional, seria desonesto da minha parte negar a importância que a Constituição estadunidense de 1787 representa à história da humanidade. Ela é há mais de dois séculos o maior sustentáculo da segunda democracia mais sólida e antiga do mundo, foi também a base para o surgimento do republicanismo presidencial, o federalismo e também o primeiro documento que garantiu força de lei às ideias iluministas. Tal importância se reflete não apenas em seu tempo em vigor, mas também na inspiração que deu à formação das primeiras repúblicas da América Latina. A Constituição da Primeira República Argentina (1853), por exemplo, é quase a Constituição Estadunidense escrita em castelhano. Assim como a Constituição Brasileira de 1891, que regeu a República Velha.  Porém, apesar da incrível semelhança entre a Constituição Estadunidense e

Opinião: O que há por trás da vitória avassaladora dos Tories no Reino Unido?

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Antes eu tinha profunda convicção de que, após passados três anos, no caso de um segundo referendo sobre o divórcio do Reino Unido com a União Européia, o "ficar" venceria. Agora, já não tenho mais certeza.  Em 2015, o então Primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, do Partido Conservador, acabou involuntariamente criando um monstro, o Brexit. E quando chamo o Brexit de "monstro", não digo isso por rejeição à pauta, na verdade, embora na minha opinião seja mais vantajosa uma aproximação da Grã-Bretanha com a Europa do que com os Estados Unidos, entendo completamente a posição dos cidadãos britânicos cansados da burocracia de Bruxelas e Frankfurt. Digo "monstro" porque esse saturadíssimo assunto passou três anos e meio devorando toda a estabilidade política e a governabilidade do Reino Unido. Assim que viu o resultado do plebiscito, David Cameron renunciou, dizendo em sua última sabatina no Parlamento que "O Partido Conservador não terá nen

O Brasil vai na contramão de modelos bem-sucedidos na segurança pública

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A guerra às drogas. Para falar sobre a guerra às drogas, usemos, primeiramente, o exemplo negativo dos Estados Unidos. Lá, as drogas estão vencendo. Desde o governo Nixon, na década de setenta, o dinheiro do Estado americano investido na guerra às drogas cresce progressivamente de administração a administração. Chegando à taxa atual de um trilhão de dólares, o equivalente a metade do Produto Interno Bruto brasileiro. E nada disso foi suficiente para diminuir o consumo de drogas nos Estados Unidos ou mudar o fato de que "o lar dos corajosos" é a nação que mais consome drogas no planeta. Ter um vizinho que consome uma quantidade incrível de drogas é o que faz com que os cartéis de drogas do México sejam tão ricos, têm uma fonte que nunca seca bem à porta. Há exemplos positivíssimos de países que adotaram políticas mais liberais para com a maconha, seja legalizando, como Uruguai e Canadá, descriminalizando, como Portugal (que na verdade descriminalizou qualquer droga até dete

Cuba: o mistério para qual todos tem sua resposta

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A República de Cuba,  éuma nação insular caribenha com praias paradisíacas, conhecida pelo tabaco, pela cana-de-açúcar e pelos charmosos carros antigos. Tem História e política que causam polêmica. Seus caudilhos são venerados por uns e odiados por outros.  Uma história conturbada. Descoberta pelos europeus durante a primeira viagem de Colombo em 1492, foi colonizada por espanhóis desde então. Passou a ser intensamente ocupada quando foi estabelecida pela Espanha a Capitania-geral de Cuba, sendo  posteriormente fundada a vila de  San Cristóbal de Habana (Hoje, Havana), capital do país. Com o sistema de "plantagem" (mais conhecida pelo seu nome anglófono plantation ),  a cana-de-açúcar, o tráfico de escravos e o tabaco se tornaram os fortes de sua economia, esses comércios formaram uma elite econômica local. Os primeiros movimentos pela Independência de Cuba surgiram no século XVIII com desentendimentos entre a elite tabaqueira e os espanhóis. Porém, a independência